Sinopse de Livros

Sinopse de Livros






Agora que está chegando a hora do tão temível vestibular, coloco aqui os resumos dos livros pedidos nas provas da UNICAMP e da FUVEST.





Lista 


Viagens na minha terra - Almeida Garrett;

Til - José Alencar;
Memórias de um sargento de milícias - Manuel Antônio de Almeida;
Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis;
O cortiço - Aluísio Azevedo;
A cidade e as serras - Eça de Queirós;
Vidas secas - Graciliano Ramos;
Capitães da areia - Jorge Amado;
Sentimento do mundo - Carlos Drummond de Andrade;
A Hora da Estrela- Clarice Lispector;
Macunaima- Mario de Andrade;
Iracema- José de Alencar;
Dom Casmurro- Machado de Assis;
Auto da Barca do Inferno- Gil Vicente;
O Primo Basílio- Eça de Queirós;
A Relíquia- Eça de Queirós;
A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Agua- Jorge Amado;



Viagens na Minha Terra - Almeida Garret




O narrador faz uma viagem até Santarém, depois que deixa Lisboa. Durante a viagem, vai observando a paisagem e tipos humanos, neles analisando o que há de pitoresco enquanto reflete sobre as coisas e seres humanos. Chegando ao Vale de Santarém, conta a estória da Joaninha dos Olhos Verdes, tipicamente romântica: a moça se apaixonara por seu primo Carlos que ,não sabendo escolher entre o amor de várias mulheres, tinha voltado para a Inglaterra, donde viera. Joaninha , caracterizada como "menina dos rouxinóis", morreu de desgosto. Desde a sua morte, o vale perdeu sua exuberância, tornando-se triste. Acabada a viagem, o narrador retorna a Lisboa.







Til - José de Alencar



Besita, moça pobre, porém das mais belas da região, é objeto de desejo tanto de Luis Galvão, jovem fazendeiro, quanto de Jão, um órfão que foi criado junto com Luis Galvão. A moça corresponde ao amor do rico fazendeiro, mas este não tem interesse em desposar Besita, pois ela é pobre.
Influenciada por seu pai, Besita acaba casando-se com Ribeiro. Esse, logo após a noite de núpcias, parte em viagem para resolver problemas relacionados a uma herança de família e fica anos afastado. Durante o período em que Ribeiro não se encontra pela região, Luis procura Besita, que o recebe achando tratar-se de seu marido. Desse encontro nasce Berta.
Uma tarde, Ribeiro retorna e, ao encontrar sua esposa com uma filha, descontrola-se e assassina Besita. Jão não consegue evitar a morte dela, mas consegue salvar Berta, que passa a viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel. Zana, uma negra que vivia com Besita, enlouquece após presenciar o assassinato desta. Jão torna-se capanga dos ricos da região, cometendo várias mortes e tornando-se o temido o Jão Fera.
Quinze anos depois de assassinar sua esposa, Ribeiro retorna irreconhecível e com o nome de Barroso. Com o propósito de vingar-se de Luis Galvão, ele contrata Jão Fera, que não o reconhece. Porém, Berta descobre os intentos de Ribeiro e consegue salvar Luis.
Em uma segunda tentativa, dessa vez com a ajuda de alguns escravos da Fazenda das Palmas, Ribeiro incendeia o canavial. Ao tentar apagar o fogo sozinho, Luis leva uma pancada na cabeça. Quando está para ser lançado ao canavial em chamas, Luis é salvo por Jão, que mata os responsáveis pelo incêndio, com exceção de Ribeiro.
Após isso, Jão Fera é preso em Campinas. Sabendo da ausência desse, Ribeiro planeja uma outra vingança, dessa vez contra Berta. Aproxima-se dela, que está com Zana, mas nesse momento chega Jão (que tinha se libertado) e mata Ribeiro de forma violenta. Brás, sobrinho de Luis com problemas mentais, leva Berta para ver a cena. Ela foge horrorizada e João, sabendo que a moça o desprezava a partir de então, entrega-se a polícia.
Convém neste ponto relatar a relação entre Brás e Berta. O jovem Brás possui problemas mentais e é completamente excluído em sua família. Apesar de Brás ser apaixonado por Berta, ela não pode corresponder aos sentimentos do rapaz, resolvendo então ensinar o abecedário e rezas a ele. Porém, o menino tem grandes dificuldades em aprender, tendo apenas decorado o acento "til", que o encantava. Para facilitar o aprendizado, Berta se autonomeia Til e passa a ensinar Brás relacionando cada coisa com nomes de pessoas que ele conhecia.
Em certo momento, Luis decide contar toda a verdade para sua esposa, D. Ermelinda. Em um primeiro momento ela se entristece, mas depois passa a apoiar o marido e decide que ele deve reconhecer Berta como filha. Dessa forma, os dois a procuram e contam tudo, omitindo as partes desagradáveis.
Jão foge mais uma vez da prisão e vai procurar Berta. Desconfiada que Luis Galvão e sua esposa escondem algo, ela implora a Jão que conte toda a verdade sobre a história de sua mãe Besita, o que Jão faz. Berta se emociona com a história e abraça Jão, dizendo que ele sempre cuidou dela, sendo, então, seu pai.
Luis quer que Berta vá morar com ele, mas ela nega e pede que ele leve Miguel. Todos partem e Berta fica na fazenda com Jão Fera e Brás. 
Memórias de um Sargento de Milícias- 
Manuel Antônio de Almeida

“Filho de uma pisadela e de um beliscão” (referência à maneira como seus pais flertaram, ao se conhecer no navio que os conduz de Portugal ao Brasil), o pequeno Leonardo é uma criança intratável, que parece prever as dificuldades que irá enfrentar. E não são poucas: abandonado pela mãe, que foge para Portugal com um capitão de navio, é igualmente abandonado pelo pai, mas encontra no padrinho seu protetor. Esse é dono de uma barbearia e tem guardada boa soma em dinheiro.

Enquanto o pequeno Leonardo apronta as suas diabruras pela vizinhança, seu pai, Leonardo Pataca, se envolve amorosamente com a Cigana, mas essa o abandona logo. Ele, então, recorre à feitiçaria (proibida naquela época) para tentar trazê-la de volta. Porém, no auge da cerimônia o major Vidigal e seus homens invadem a casa do feiticeiro, açoitam os praticantes e levam Leonardo Pataca preso. Ele pede socorro à Comadre, que pede ajuda a um Tenente-Coronel que se considerava em dívida com a família de Pataca, e ele logo é solto.


Já o Compadre (ou padrinho) que cuidava do menino Leonardo havia aprendido o ofício de barbeiro com o homem que o criara. Foi para a África como médico em um navio negreiro e, durante a volta, o capitão em seu leito de morte lhe confiou um baú de dinheiro para que o entregasse a sua filha. Ele, porém, ficou com o dinheiro. Após isso aparenta ter se tornado um homem de bem e cria o Leonardo como se fosse um filho, sonhando em torna-lo padre. O menino, porém, causa transtornos por qualquer lugar onde passa e, após levar uma enorme bronca do padre da cidade, jura vingança.


O padre era um homem que aparentava ser santo, mas na realidade era um lascivo e fora ele quem roubara a Cigana de Leonardo Pataca. Como o padre passava boa parte de seu tempo na casa dela, um dia o menino Leonardo resolve armar uma emboscada para desmascará-lo. Ele vai até a casa da Cigana para informar o horário de uma festa, mas ele mente o horário para que o padre chegue atrasado. Quando por fim chegou à igreja, o padre repreende ao menino perguntando-lhe qual era a hora certa do sermão. Leonardo, então, diz que falou o horário correto e que a Cigana estava de prova, pois ouviu tudo. Sem saber o que fazer frente ao choque de todos, ele dispensa o menino.


Leonardo Pataca, ao saber que havia sido trocado pelo padre, resolve tentar conquistar Cigana novamente. Ela, porém, não dá bola para ele. Para se vingar, ele contrata um amigo para causar uma confusão em uma festa que ela iria promover em sua casa. No momento da bagunça Vidigal, que já havia sido avisado por Pataca, aparece e prende o padre em flagrante, somente de cueca, meia, sapato e gorrinho na cabeça. Com isso, Leonardo Pataca consegue ficar mais um tempo com a Cigana.


O Compadre passou a frequentar a casa de D. Maria, uma rica mulher com gosto pelo Direito, sempre acompanhado do afilhado Leonardo. Com o tempo o menino foi sossegando, até que chegou a idade dos amores. Luisinha, uma menina descrita como feia e que era filha do recém-falecido irmão de D. Maria, foi morar com a tia. No dia da festa do Espírito Santo foram todos ver a queima de fogos. A menina se divertiu, abraçou Leonardo pelas costas e no final os dois voltaram de mãos dadas. Após isso, porém, Luisinha voltou a ficar tímida.


Um dia entra em cena José Manuel, homem mais velho que fica interessado em Lusinha por conta da herança que ela havia recebido do pai e que iria receber de D. Maria, já que ela era a única herdeira. O Compadre, percebendo os interesses de José Manuel, se junta à Comadre para tentar espantar o interesseiro. Enquanto isso, Leonardo tenta conquistar Luisinha, mas ele acaba saindo muito sem jeito e acaba espantando ela. Porém, fica claro que Luisinha também gosta de Leonardo. Para tentar afastar José Miguel, a Comadre inventa uma série de mentiras, que logo são descobertas. Então, D. Maria, ao invés de expulsar José, acaba se afastando da Comadre, agora desacreditada.


Enquanto isso, novamente traído pela Cigana, Leonardo Pataca junta-se com a filha da Comadre e têm um filho juntos. Pouco depois o Comadre morre e Leonardo vai morar junto com o pai. Porém, ele e sua madrasta não conseguem se entender e, após muitas brigas, ele foge de casa. Afastado de todos, Leonardo conhece um grupo que estava fazendo piquenique e reconhece dentre eles um amigo seu de infância.


Leonardo passa a morar junto com eles na Rua da Vala. Lá vivem duas quarentonas viúvas e seus seis filhos, sendo que uma tinha três rapazes e outra três moças. Vidinha era a mais bonita e era disputada por dois primos. Porém, ela acaba se enamorando com Leonardo e os dois passam o dia namorando dentro de casa, o que desperta ciúmes dos outros rapazes. Esses, por sua vez, vão falar para Vidigal que Leonardo está vivendo como intruso na casa e tirando proveito das mulheres. Num dia, Vidigal aparece e leva Leonardo preso, mas esse consegue fugir.


A Comadre arruma um emprego para Leonardo na ucharia real, mas ele se envolve com a esposa do patrão e acaba despedido. Vidinha vai até a casa de Toma Largura, ex-patrão de Leonardo, para brigar com ele e com sua esposa. Enquanto isso, Vidigal consegue prender Leonardo. Acontece que Toma Largura ficou encantado com Vidinha e começa a cerca-la de todas as formas. A moça, encarando a ausência de Leonardo como consequência das últimas brigas, resolve ceder à insistência de Toma Largura.


Obrigado pela polícia, Leonardo começa a servir ao exército. Depois de um tempo, Vidigal o coloca no batalhão de granadeiros para combater os malandros do Rio. Porém, ao contrário do que ele pensava, Leonardo continua aprontando dentro do próprio batalhão de polícia. Na última delas, Vidigal planejava prender um homem que fazia imitações suas para animar festas. Mas Leonardo acaba se divertindo com as graças do imitador e o avisa das intenções de Vidigal. Quando o major descobre a traição de Leonardo, prende o moço sob juramento de algumas chibatadas.


A Comadre fica sabendo disso e vai pedir ajuda à D. Maria e à Maria Regalada, antiga amante de Vidigal. Elas vão até a casa do major, que as recebe com roupa civil da cintura para baixo e farda da cintura para cima. Não conseguindo resistir aos pedidos das três mulheres, Vidigal perdoa Leonardo e ainda promete promove-lo à sargento do exército.


Enquanto tudo isso acontecia, Luisinha estava casada com José Manuel, que a tratava mal e só se preocupava com o dinheiro da moça. D. Maria resolve preparar uma ação judicial contra o homem, mas ele acaba morrendo vítima de um ataque apopléctico (parecido com um derrame). Após o enterro de José Manuel, preparam tudo para o casamento de Luisinha, agora uma mulher feita e bonita, com Leonardo, bonito e muito elegante em sua farda de sargento do exército. Algum tempo depois, D. Maria e Leonardo Pataca também morrem e, junto com as outras heranças que já tinham, receberam mais duas. 

Memorias Póstumas de Brás Cubas- 

Machado de Assis


A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal brasileira da época, é marcada por privilégios e caprichos patrocinados pelos pais. O garoto tinha como “brinquedo” de estimação o negrinho Prudêncio, que lhe servia de montaria e para maus-tratos em geral. Na escola, Brás era amigo de traquinagem de Quincas Borbas, que aparecerá no futuro defendendo o humanitismo, misto da teoria darwinista com o borbismo: “Aos vencedores, as batatas”, ou seja: só os mais fortes e aptos devem sobreviver.

Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta dos gastos com uma cortesã, ou prostituta de luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica a célebre frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa é uma das marcas do estilo machadiano, a maneira como o autor trabalha as figuras de linguagem. Marcela é prostituta de luxo, mas na obra não há, em nenhum momento, a caracterização nesses termos. Machado utiliza a ironia e o eufemismo para que o leitor capte o significado. Brás Cubas não diz, por exemplo, que Marcela só estava interessada nos caros presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela relação, amor e interesse financeiro estão intimamente ligados.


Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da família com festas, presentes e toda sorte de frivolidades. Seu pai, para dar um basta à situação, toma a resolução mais comum para as classes ricas da época: manda o filho para a Europa estudar leis e garantir o título de bacharel em Coimbra.


Brás Cubas, no entanto, segue contrariado para a universidade. Marcela não vai, como combinara, despedir-se dele, e a viagem começa triste e lúgubre.


Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o diploma nas mãos e total inaptidão para o trabalho, Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua existência parasitária, gozando dos privilégios dos bem-nascidos do país.


Em certo momento da narrativa, Brás Cubas tem seu segundo e mais duradouro amor. Enamora-se de Virgília, parente de um ministro da corte, aconselhado pelo pai, que via no casamento com ela um futuro político. No entanto, ela acaba se casando com Lobo Neves, que arrebata do protagonista não apenas a noiva como também a candidatura a deputado que o pai preparava.


A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição, pois construíra a fortuna com a fabricação de cubas, tachos, à maneira burguesa. Isso não era louvável no mundo das aparências sociais. Assim, a entrada na política era vista como maneira de ascensão social, uma espécie de título de nobreza que ainda faltava a eles.  



O Cortiço- Aluízio Azevedo




O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.

Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois.

Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, freqüentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa.

No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos.

A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos. 

O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão.

O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. 

Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.


A Cidade e as Serras- José Maria Eca de Queiros





Embora muito inteligente e capaz, Jacinto vive do dinheiro herdado da família. Desde pequeno tudo dava certo em sua vida. Já adulto, elegante e culto, parece achar que os males humanos seriam curados com a volta das pessoas à vida no campo.

De início, a maior preocupação de Jacinto era defender o progresso, a civilização e a cidade grande. Achava ele que ser civilizado é enxergar adiante, ver o futuro. José Fernandes (narrador e seu amigo) fica espantado quando reencontra Jacinto em Paris, em sua mansão na Avenida Campos Elísios, número 202. Há todo o tipo de modernidade e luxo, além de uma biblioteca com milhares de títulos dos principais escritores e cientistas do mundo. 

Convidado por Jacinto a morar em Paris, o narrador percebe (e nos conta) que Jacinto vai-se decepcionando com a superficialidade das pessoas com quem convive. Ele passa a conviver mal com o barulho futurista da cidade, com o movimento e burburinho das pessoas em festas e reuniões e com a tecnologia, que sempre o deixa na mão.

Os incidentes da vida moderna criavam, na verdade, tédio em Jacinto. Seu criado fiel, Grilo, conta ao narrador que o mal de seu patrão "era fartura". "O meu Príncipe sente abafadamente a fartura de Paris...", diz ele. Jacinto, numa mudança existencial, passou a achar que Paris era uma ilusão, tudo era abafado e não havia grandeza na cidade, mas apenas comerciantes, cortesãs, famílias desagregadas... Começa a filosofar, e o narrador nos conta o que ele dizia: "o burguês triunfa, muito forte, todo endurecido no pecado - e contra ele são impotentes os prantos dos humanitários..."

Um dia Jacinto decide: mudará para Tormes, sua propriedade rural, onde seus avós estavam enterrados. Ambos os amigos partem então de Paris para as serras. Nosso narrador ainda diz que Jacinto afirmava que "encontrariam o 202 no interior", contando, é claro, com o conforto daquela propriedade, um castelo.

As coisas não dão tão certo: o advogado do milionário não o esperava tão cedo, as malas todas da viagem ficaram perdidas e os dois amigos ficaram a pé para atravessar a serra. Pior: ninguém sabia na casa que eles viriam, por isso não havia conforto, nada estava preparado.
Irritado, pois, afinal, não sabia viver sem conforto, Jacinto afirmou que iria a Lisboa. Mas Melchior, o caseiro, arranjou-lhes uma comida simples, sem taças de cristal nem porcelana. Começa a mudança do protagonista: "Diante do louro frango assado no espeto e da salada (...) a que apetecera na horta, agora temperada com um azeite da serra digno dos lábios de Platão, terminou por bradar: 'É divino'."

Apaixonado pela nova vida, o dono da mansão do "202" em Paris ficará em Tormes, mesmo sozinho, pois seu amigo, o narrador, havia partido para outra cidade. Intrigado com essa espantosa decisão do amigo, José Fernandes volta a visitá-lo e o encontra forte, corado, "parecia um camponês".
Conhecendo a pobreza que há nos campos, Jacinto começa a cuidar dos humildes. Queria fazer benfeitorias, ou seja, trazer certa "civilização" ao interior de Portugal. Numa das festas desse mundo interiorano, conheceremos também a ignorância e o atraso em que viviam os camponeses. Havia (nos conta o narrador) uma "mentalidade política atrasada, absolutista", enquanto nas cidades havia novas doutrinas e teorias (como o positivismo, praticado por ambos, Jacinto e José Fernandes).

Numa das visitas à família do amigo, Jacinto conhecerá a prima de Fernandes, Joaninha, uma camponesa típica. Apaixonado, o rico rapaz acaba casando-se com ela, tem dois filhos sadios e alegres. Depois de cinco anos de felicidade,o dilema existencial entre a "cidade e as serras" se resolverá, finalmente, pois chegarão à fazenda os caixotes antes embarcados em Paris e perdidos há anos. Jacinto aproveitará muito pouco do que há de "civilização" nas malas.

E o narrador, depois de passar mais algum tempo em Paris, volta ao campo, para sempre, convencido de que Jacinto estava certo: era bem melhor a vida no campo.
 

                              Vidas Secas- Graciliano Ramos



Com a chegada da seca no sertão, Fabiano e sua esposa Sinhá Vitória, os dois filhos, o papagaio e a cachorra Baleia foram forçados a mudar. Caminharam por uma longa jornada na terrível seca. Antes que morressem de fome comeram o papagaio, seguindo a viagem o menino mais velho desmaiou, seguiram carregando o pequeno, foi assim que encontraram uma fazenda abandonada onde se instalaram.

A seca acabou e Fabiano se acertou com o dono da fazenda. Era o vaqueiro daquela terra, logo houve uma ressurreição em todos e tudo. Os meninos, a cadela, Sinhá Vitória e o próprio Fabiano engordaram, na fazenda criaram porcos e bois.
Em um dia Fabiano foi até a cidade comprar o que faltava em casa, antes de ir embora resolveu tomar um copo de cachaça, se sentia por todos enganado acreditando que sempre lhe cobravam mais do que era certo, assim como o patrão que sempre lhe pagava menos com a história dos juros. Foi ai que um soldado amarelo apareceu e o chamou para um jogo de cartas, como o homem era autoridade, aceitou, mas logo após a primeira rodada foi embora. O soldado lhe seguiu o pertubando até que Fabiano enraivecido xingou a mãe dele. Com isso foi para cadeia. A ignorância que a pobreza lhe causara não permitiu que ele se explicasse e assim ganhou uma surra e uma noite na prisão.

Mesmo assim a vida melhorara, Sinhá Vitória acreditava que para a felicidade ser praticamente completa bastava uma cama de verdade diferente daquela que possuíam, feita de varas que os incomodavam durante o sono. Os meninos apenas se divertiam no barreiro junto com a cachorra Baleia. O mais novo em uma tentativa de imitar o pai tentou muntar um bode o que só lhe deu uma queda e humilhação por parte do irmão e de Baleia. E o menino mais novo, buscando o significado de inferno, apenas ficou chateado com a má vontade que lhe explicaram.

O inverno chegou e a família se acalentava frente à fogueira onde travavam pequenas conversas primárias. O natal também chegou e com isto toda a família vestida de roupas novas que só lhes incomodavam foi à missa, tanta gente os assustava e com a lembrança nunca esquecida da injustiça aprontada pelo soldado amarelo, Fabiano bebeu e saiu a desafiar os homens. Acabou deitado na calçada tirando um cochilo, enquanto Sinhá Vitória fumava e os filhos brigavam com Baleia por ter desaparecido.

Depois desses tempos Baleia adoeceu. Feridas apareceram, o pêlo caiu e ela emagreceu. Fabiano decidiu matá-la de forma rápida que lhe poupasse o sofrimento. Sinhá Vitória se trancou com os filhos e tampou-lhes os ouvidos. Fabiano com um tiro feriu o traseiro da cachorrinha que assustada se arrastou até os juazeiros onde sem compreender morreu.
Certo dia caminhando pela catinga Fabiano se encontrou com o soldado amarelo que nunca esquecera. Precipitou-se erguendo o facão, mas parou antes de ferir o homem. Viu como ele era um frouxo já que nem se aguentava de tanto tremer. Ficaram frente a frente até que o soldado viu que Fabiano recuara, perguntou-lhe o caminho, Fabiano respondeu tirando o chapéu.

As trapaças do patrão o pertubavam e as contas de Sinhá Vitória sempre mostravam que eles estavam sendo enganados, mas quando foi reclamar o patrão se encheu de fúria e disse que ele podia ir embora, Fabiano perdeu o emprego. Fabiano desculpou-se e foi embora. Nesse contexto a seca voltava.
O bebedouro secava, o rio também, vinham ainda dezenas de pássaros que bebiam o pouco de água que restava aos bichos que emagreciam. Fabiano matava-os, mas eram muitos. Os que ele matava salgavam e guardavam. A seca chegou. Fabiano sabia que era hora de partir, de fugir, mas adiava. Foi então que matou o único bezerro que lhes pertenciam e salgaram junto a carne dos pássaros, trancaram a fazenda e partiram. Sem avisar.

Fabiano se atormentava com as lembranças: o soldado amarelo, a cachorra Baleia, o cavalo que ficou pra morrer já que pertencia ao patrão e ele não podia levá-lo. Mas depois começaram a conversar e as léguas passaram sem nem verem, almoçaram e as esperanças de encontrar uma terra nova onde os filhos teriam futuros diferentes e eles um presente mais digno onde não precisariam fugir da seca, os levou embora.

Capitães de Areia- Jorge Amado 



Nesse livro conhecemos os chamados “Capitães da Areia” que trata de um grupo de crianças abandonadas que vivem do furto. O chefe desse grupo era o chamado Pedro Bala, ingressara na vida de rua com cinco anos e com um pouco mais de idade se mostrava mais corajoso e capacitado líder para as crianças, era loiro e filho de um grevista morto no cais. Nesse grupo viviam mais de cinquenta crianças, entre eles Professor, Gato, Sem Perna, Volta Seca, Pirulito, Boa Vida, João Grande e outros. Todos viviam em um trapiche abandonado na praia.
Professor sabia ler e assim passava as noites à luz da vela lendo livros que de algum modo foram adquiridos, e também muitas vezes lia as histórias para os capitães ou então inventava a partir do que já lera. Possuía um grande talento para desenhar, muitas vezes ganhava alguns réis desenhando casais e jovens nas ruas da Bahia. Gato era um dos mais belos do grupo, quando chegou um dos meninos tentou se relacionar com ele, o que acontecia costumeiramente no trapiche, mas ele não se dispôs. Era vaidoso, elegante e tinha ginga de malandro. Andava arrumado dentro do que era possível, de acordo com sua realidade de menino de rua, o cabelo sempre melado de brilhantina barata. Com sua pouca idade, na adolescência se apaixonou por uma mulher da vida, Dalva. No início ela tinha um amante, mas foi até que ele se cansou dela e a partir de então ela e Gato iniciaram um caso.

Sem Pernas, era coxo e odiava tudo. Uma vez fora pego pela polícia e isso despertara nele uma grande amargura, os policiais o colocaram em uma sala e riam enquanto forçavam o menino a correr pela sala. Ele implicava com os meninos mais novos e novatos. Muitas vezes ele era usado nos planos de assalto a casas, batia a porta pedindo ajuda, declarando ser um órfão aleijado. Despertava a compaixão e assim ficava na casa até descobrir onde os bens preciosos eram guardados, indicando-os depois aos capitães da areia. Foi assim que certa vez ganhou uma nova mãe que via nele o filho perdido. Era bem tratado, mas a fidelidade aos capitães impedia que ficasse lá para sempre, e foi assim também que se envolvera com uma mulher de meia idade que lhe oferecia um amor carnal e incompleto.

Volta Seca era afilhado de Lampião, pedia sempre ao professor que lesse para ele as notícias de seu padrinho, era também um fiel ajudante nos assaltos. Pirulito tinha o chamado de Deus em sua vida. Padre José Pedro, um pobre sacerdote, era amigo dos capitães, ensinava-os e foi ele que contribuiu para o fim das relações homossexuais no trapiche. Foi ele também o responsável pela religião de Pirulito, que através dos ensinamentos dos padres buscava uma vida mais correta, chegou até a abandonar o roubo.
Boa Vida era um dos moleques do trapiche, era esperto e também participava dos roubos. Por fim João Grande, esse era um negro burro, porém era bom, como diziam os próprios companheiros. A polícia perseguia os capitães e a maioria da cidade não gostava deles. Mais eles tinham o padre, D. Aninha, uma negra praticante de candomblé; e João de Adão, um grevista do cais.
Chegou à praia a varíola, todos temiam a doença, pois quem a adquirisse devia ser entregue ao governo que os mandava para o lazareto, e tinham como fim a morte. Foi assim que um dos meninos do grupo foi para lá. Tentaram encobrir a doença, mas o médico acabou falando aos governantes e o menino foi para o lazareno e o padre José Pedro, castigado.

Foi assim também que a mãe de Dora e Zé Fuinha morreu, eles sozinhos no mundo desceram do morro, ela procurou emprego, mas a doença da mãe lhe destruía as vagas. Assim eles ingressaram no grupo dos capitães, inicialmente os meninos quiseram se relacionar com ela, mas a defesa de Professor, João Grande e Pedro Bala impediram. Logo Dora era a mãezinha e a “mana” dos meninos. Mas para Pedro Bala ela era a noiva, para Professor também, porém Dora retribuía apenas a Pedro. Ela também ajudava nos roubos, era uma companheira.

Um dia, em um assalto, alguns dos capitães foram presos, dentre eles Pedro Bala e Dora, mas a ação rápida do líder dos capitães fez com que apenas ele e Dora fossem presos. A menina foi mandada a um orfanato, já Pedro foi torturado pela polícia, mantido em uma solitária por oito dias e depois lançado no reformatório. Porém, os meninos agiam do lado de fora e assim Pedro se fez livre.

Quando foram libertar Dora, ela se encontrava doente. E poucos dias ainda viveu entre os capitães. Mais na noite antes de partir, ela e Pedro Bala consumaram o amor dos dois, tornando-se esposos.  Depois disso, os capitães seguiram a vida. A juventude já chegava para alguns. Padre José Pedro acabou ganhando sua capela e Pirulito foi embora com ele para trabalhar na Igreja de Cristo. Sem Pernas acabou morren
do ao fugir da polícia, mas não deu o prazer aos policiais de o pegarem. Gato foi para Ilhéus junto com Dalva, onde vivia da malandragem, depois voltou a Salvador, mas só de passagem, pois já ia embora com uma negrinha.

Boa Vida parou aos poucos de voltar ao trapiche e vivia em farras, amando a Bahia e tocando modas no seu violão. Professor entrara em contato com um homem que um dia lhe oferecera ajuda depois de ver os seus desenhos, foi para o Rio de Janeiro e se tornou um pintor, retratava as crianças da Bahia. Volta seca foi atrás de seu padrinho Lampião e se tornara um cangaceiro, na sua arma marcava a morte de mais de sessenta homens, no entanto a polícia o prendera e o condenara pela morte comprovada de 35 homens.
Os demais capitães da areia se envolveram com as greves e lutavam a favor do povo. Alberto, um estudante, sempre os visitava e juntos lutavam pelo ideal grevista. Foi assim que Pedro Bala foi embora, a pedido de Alberto partiu pra organizar os Índios Maloqueiros de Aracaju, o posto de líder dos capitães da areia foi entregue a Barandão.
Anos depois Pedro Bala era o ícone da luta do povo e todos pediam por ele.

Sentimento do Mundo- Carlos Drummond de Andrade


O poema SENTIMENTO do MUNDO mostra o autor Carlos Drummond de Andrade e sua descoberta: ele é menor que o mundo. Então se choca pois esse mundo não é como ele imaginava. Sensibiliza-se, percebe que deveria ter olhado melhor para o seu semelhante. A tomada de consciência da realidade envolve-o em pessimismo e tristeza, sentindo-se isolado. 

CONFIDÊNCIA do ITABIRANO é um auto-retrato que apresenta traços fundamentais da personalidade do poeta e da sua mineiridade. Itabira é sua terra. Há lirismo e saudade nos versos. O autor retoma a infância, a terra natal, materializando suas lembranças. É bom lembrar que Drummond resolve morar no Rio de Janeiro pois, segundo ele, Itabira estava sendo destruída pela mineração.
Nos versos de CANÇÃO DA MOÇA-FANTASMA DE BELO HORIZONTE o autor fala que não há mais românticos como antigamente. Quanta falta eles fazem! 


O OPERÁRIO no MAR mostra o fascínio da classe superior e a naturalidade do operário. O elemento de comunicação é o sorriso. Um poema bastante emotivo é MENINO CHORANDO na NOITE. O poeta sofre com o sofrimento do outro. As lágrimas caindo simbolizam a dor intensa e universal. Ser triste dói. Encontramos uma mistura de terror, beleza e delicadeza em MORRO da BABILÔNIA. Alusão aos negros que vivem no morro, ao samba, música popular e ao poder, a Babilônia. Nos versos de CONGRESSO INTERNACIONAL do MEDO o autor cita o medo ultrapassando a morte, em grandeza. Segundo ele, o medo não é solitário, não é só de Drummond, as pessoas têm medo até do contato, do relacionamento. Um dos momentos de maior resgate do passado é quando se lê OS MORTOS de SOBRECASACA. O passado configurado no álbum de fotografias dos antepassados. Embora, inicialmente, as pessoas do presente zombem dos mortos, nos últimos versos a ironia dá lugar ao intenso sentimento. Esse poema é uma antecipação da poesia que vai falar da família e da memória. Não há como se desfazer do passado, da memória, mesmo que as fotos se acabem um dia. As lembranças boas e belas que nos acontecem ficam. 


Em BRINDE no JUÍZO FINAL, o texto é modernista e homenageia os poetas populares contra os acadêmicos. Mostra a impotência da poesia burguesa no mundo capitalista. Fala que a poesia não é feita só de temas nobres, consagrados, mas de termos e temas banais. Drummond faz um brinde a essa poesia considerada, anteriormente, ridícula. PRIVILÉGIO do MAR é uma crítica à alienação burguesa. O poeta inclui-se entre os alienados que, se não atingidos, não se mobilizam e desfrutam de certa tranqüilidade, privilegiados em suas moradias de cimento armado.



A Hora da Estrela- Clarice Lispector


RESUMO
Para quem está acostumado com resumos tradicionais, não é fácil fazer a síntese de A Hora da Estrela. Isso porque, aparentemente, nada acontece. Logo nas primeiras linhas, o que se percebe é a presença de um autor – o escritor Rodrigo S. M. – às voltas com certos impasses de sua carreira, tentando dar início à narrativa da história da nordestina Macabéa em sua vida cotidiana no Rio de Janeiro.  
Rodrigo S. M. declara: “Pensar é um ato. Sentir é um fato” – e essas frases podem ser entendidas como uma apresentação da obra. De fato, as reflexões e os sentimentos registrados pelo escritor constituem parte da narrativa. Portanto, se o leitor espera algo acontecer para começar a fazer a sua síntese do romance, é bom se apressar, porque a história já começou. 
Macabéa é introduzida aos poucos na narrativa, sobressaindo-se das reflexões de Rodrigo S. M. Ele se depara com ela em uma rua do Rio de Janeiro, quando, por intermédio de uma simples troca de olhares, a história da moça lhe é revelada. Alagoana, Macabéa perde os pais ainda muito criança e é criada por uma tia, que, no intuito de educá-la, dá-lhe constantes pancadas da cabeça com os nós dos dedos. Frequenta escola apenas até o terceiro ano primário e escreve muito mal. Mesmo assim, consegue levar adiante um curso de datilografia.  
A tia muda-se para o Rio de Janeiro e Macabéa a acompanha. Arranja emprego como datilógrafa. Depois da morte da mãe de criação, passa a dividir um quarto de pensão com quatro moças que trabalham como balconistas. Pouco convive com elas, que chegam muito cansadas à noite e dormem logo, enquanto Macabéa fica ouvindo a Rádio Relógio ao longo das madrugadas. 
Certo dia, resolve faltar ao trabalho e sair para um passeio. Encontra-se então com Olímpico de Jesus, metalúrgico nordestino. Ele a chama de “senhorinha” e a convida para um passeio. Para ela, é o começo de um namoro. Em suas conversas, ela exibe,  sempre de forma precária, o conhecimento adquirido com as audições da Rádio Relógio, enquanto ele afirma sua disposição de crescer e ser alguém na vida.  
Em uma visita a Macabéa no local de trabalho, Olímpico conhece Glória, colega da namorada. Interessa-se por ela e abandona Macabéa. Sem ter exata noção do quanto isso a faz sofrer, Macabéa recolhe-se ao banheiro do escritório e passa com força o batom vermelho nos lábios, para se sentir uma estrela de cinema.
Constrangida por lhe roubar o namorado, Glória dá dinheiro a Macabéa e aconselha que ela procure uma cartomante. Macabéa acata a ideia e vai até Madama Carlota, que lhe prevê um futuro brilhante e o encontro próximo de um grande amor. Ao sair da cartomante, Macabéa morre atropelada. Os transeuntes se reúnem em torno dela, que se torna, pela primeira e última vez na vida, o centro das atenções. Como uma estrela de cinema.

CONTEXTO
Sobre o autor 

Quando Clarice Lispector surgiu no cenário cultural brasileiro, em 1944, com o romance Perto do coração selvagem, foi saudada como uma revelação das letras brasileiras. Causou certo espanto a descoberta de que a autora que escrevia como uma mulher madura era, na verdade, ainda bastante jovem. Essas circunstâncias prenunciaram aquilo que o tempo confirmou: Clarice era especial. Até como escritora. 

Importância do livro   

O romance A Hora da Estrela foi escrito em 1977, mas aborda um tema tradicional de nossa literatura: o contato do imigrante nordestino com a cidade grande. Esse assunto carrega uma forte carga política. Isso causou certo espanto, porque Clarice Lispector era vista como uma escritora alienada, distante desse tipo de temática. Aqui, ela aborda a questão sem abandonar o psicologismo de suas obras, mostrando as limitações daqueles que criticavam sua suposta alienação.

Período Histórico

O fundo político das obras de Clarice nunca é óbvio. A Hora da Estrela, por exemplo, tem como pano de fundo o autoritarismo da sociedade brasileira no período da ditadura militar iniciada em 1964. No entanto, o tratamento do tema é sutil, mostra-se a interiorização da condição de oprimido e a reprodução da condição de opressor no plano das relações pessoais.

ANÁLISE
O romance apresenta três níveis narrativos distintos, embora complementares e interpenetrantes. Em um desse níveis, temos a história da própria narrativa. Ela é constituída pelas digressões do narrador, Rodrigo S. M., que desenvolve reflexões a respeito do fazer artístico. Para ele, pensar a respeito já é um fato, o que faz com que seus pensamentos adquiram a condição de acontecimentos na narrativa. 
Em outro nível, temos a história do narrador. Sua identificação é restrita ao nome e às iniciais de seu sobrenome: Rodrigo S. M. (curiosamente, recurso parcialmente explorado por Clarice em A paixão segundo G. H., romance de 1964). O escritor manifesta as preocupações sociais que lhe são suscitadas pelo contato com os problemas da cidade grande. Mas o que o interessa, de fato, como escritor, é a possibilidade de registrar o momento efêmero, passageiro, volátil, aproximando-se, nesse sentido, da própria Clarice. 
Rodrigo tenta combater a tendência de interromper sua narrativa para falar de si mesmo, mas percebe aos poucos que falar do outro é falar de si mesmo. Assim, a humildade extrema da nordestina Macabéa é uma transposição metonímica de seu próprio estilo: simples e sem espaço para sentimentalismo. 
Por fim, temos a história de Macabéa. Seu nome, de origem bíblica, associa-se à força e à resistência, o que lhe dá uma configuração irônica, já que o comportamento da personagem mostra o avesso dessas características. Como muitas outras personagens femininas de Clarice, Macabéa é solitária e reflexiva. A novidade fica por conta de sua origem social humilde, distante da classe média em que figuram aquelas personagens.  
Na trajetória de Macabéa, ganha destaque a relação com os outros. O namorado, Olímpico de Jesus, possui um senso de superioridade que acaba por distanciá-lo de Macabéa, escapando de um relacionamento amoroso que se caracteriza pela precariedade de sentimentos e de expressões de afeto. Glória, a colega de trabalho de Macabéa, é o par perfeito para ele, manifestando seu orgulho próprio por intermédio de uma sensualidade explícita.  
O silêncio de Macabéa contrasta com o domínio da palavra manifestado por todos ao seu redor: Olímpico com seu discurso de vencedor, Glória com a certeza de seus atrativos sexuais e o próprio narrador Rodrigo S. M., em suas constantes intervenções metalinguísticas. 

As previsões de Madama Carlota são outras tantas palavras que prenunciam um impossível fim das carências de Macabéa. Ao consultar a cartomante, a moça se sente “grávida de futuro”. Mas esse será seu limite: prestes a alguma coisa que talvez nunca viesse a se realizar, Macabéa encontra a morte ao ser atropelada por um automóvel. Vira centro das atenções e conhece a sua hora da estrela. De um lado, é tarde demais para ela; de outro, é sua única chance de viver essa experiência. Vive-a com o brilho intenso de uma estrela, mas também com a mesma fugacidade.

Fonte: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/a-hora-da-estrela.html

Macunaíma- Mario de Andrade
Mário de Andrade
Resumo
11/02/200511h05


Macunaíma, índio da tribo tapanhumas, nasce as margens do rio Uraricoera, na Amazônia. Vive com os irmãos Maanape e Jinguê, até a morte da mãe, quando os três partem em busca de aventuras. O herói encontra Ci, Mãe do Mato, rainha das Icamiabas, tribo de amazonas, faz dela sua mulher e torna-se Imperador do Mato-Virgem. Ci dá à luz um filho, mas ele morre e ela também, logo em seguida.

Antes de virar estrela no céu, ela dá a Macunaíma um amuleto, a muiraquitã (uma pedra verde em forma de lagarto), que o herói perde e vai parar nas mãos de Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã comedor de gente, que mora em São Paulo.

Macunaíma e seus irmãos descem para a cidade grande para tentar recuperar a muiraquitã. Em São Paulo, assistimos à descoberta da civilização industrial por Macunaíma e suas lutas contra o gigante até recuperar o amuleto. Quando o herói consegue a façanha, retorna para o Uraricoera. Lá, sofrera a perda dos irmãos e a vingança de Vei, a deusa do sol.

Vei havia oferecido a Macunaíma uma de suas filhas em casamento, quando ele visitara o Rio de Janeiro. O herói fez um trato com ela de não andar mais atrás de mulher nenhuma, mas assim que fica sozinho, corre atrás de uma portuguesa.

Para se vingar, no final do livro, Vei faz Macunaíma sentir um forte calor, que desperta seus insaciáveis desejos sexuais; então, lança-o nos braços de uma Uiara, monstro disfarçado de bela mulher que habita o fundo dos lagos. O herói é destroçado e perde definitivamente a muiraquitã. Cansado de tudo, Macunaíma vai para o céu transformado na Constelação da Ursa Maior.

Fonte: http://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/macunaima.htm

Iracema- José de Alencar

"Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba [...]" Com essas palavras, José de Alencar começa "Iracema", a que chama "Lenda do Ceará" e que é, na verdade, um texto de difícil classificação.

Trata-se claramente de um romance se consideramos seu enredo. Por outro lado, é um poema em prosa, se levarmos em conta o estilo, em que predomina o lirismo amoroso e a exploração do vocabulário indígena no português falado no Brasil.

Certamente um ponto altíssimo no conjunto da 
obra de José de Alencar, "Iracema" - apesar das dificuldades que a linguagem pode apresentar ao leitor de hoje - merece de fato ser lido, do começo ao fim.

O texto é muito breve, com cerca de 80 páginas nas edições mais recentes. No entanto, seu enredo é repleto de aventuras e peripécias, bem ao gosto do Romantismo, escola literária da qual Alencar é um dos maiores expoentes no Brasil. A história se inicia com o guerreiro branco Martim Soares Moreno, amigo dos índios pitiguaras, que habitavam o litoral, perdendo-se nas matas. Lá foi encontrado por Iracema, a deslumbrante virgem, filha do pajé Araquém, da tribo dos tabajaras, habitantes do interior da região.

Iracema acolheu o jovem branco e o levou para sua tribo, onde ele foi recebido como hóspede e amigo. Ao inteirar-se da celebração que os tabajaras faziam a seu grande chefe Irapuã, que vai comandá-los num combate aos pitiguaras, Martim resolveu fugir, naquela mesma noite. Iracema o impediu, pedindo-lhe que aguardasse a volta de seu irmão Caubi, que poderia guiá-lo pelas matas.


Triângulo amoroso
Aos poucos, surge afeto entre Iracema e Martim, que logo se transforma em paixão. A situação se complica, pois Irapuã também estava apaixonado pela índia e tentou matar Martim quando este já deixava a aldeia, após descobrir que Iracema, por ser filha do pajé e guardiã do segredo da jurema, deve permanecer solteira.

No entanto, a união dos dois se consuma numa noite em que Martim, em sonho, imaginou possuir Iracema, sendo que esta de fato se entregou a ele. Desse modo, quando Martim decide partir para escapar a Irapuã e aos tabajaras, Iracema lhe revelou a verdade e se dispôs a segui-lo. Os dois partiram ao encontro de Poti, chefe dos pitiguaras, que considerava Martim seu irmão. Foram seguidos por Irapuã e os tabajaras, o que resulta no conflito entre as duas tribos adversárias.

Mesmo sofrendo pela derrota de seu povo e pela morte de muitos dos seus, Iracema segue Martim e passa a viver com ele na tribo de Poti. Com o passar do tempo, porém, Martim se mostra desinteressado pela esposa, parece sentir saudades da civilização de onde veio, mas sabe que não pode ir para lá e levar Iracema com ele. Nesse ínterim, o guerreiro branco - que adotou o nome indígena de Coatiabo - enfrenta diversos combates, enquanto Iracema engravida de um filho seu. Ainda assim, a índia sofre as constantes ausências do marido e definha de tristeza.

O filho do sofrimento
Ao voltar de uma batalha, Martim encontra Iracema com seu filho - a quem ela chamou Moacir, que significa "o filho do sofrimento". A índia está extremamente debilitada. Só teve forças para entregar o filho ao pai e pedir-lhe que a enterrasse aos pés de um coqueiro de que ela tanto gostava. O lugar onde Iracema foi enterrada passou a se chamar Ceará - segundo a tradição, Ceará significa canto da jandaia, a ave de estimação de Iracema.

Sofrendo a perda de Iracema, Martim retorna a sua pátria com o filho. Quatro anos depois, volta novamente ao Brasil, onde ajuda a implantar a fé cristã, convertendo Poti, que recebeu o nome de Felipe Camarão. Os dois ajudaram o comandante Jerônimo de Albuquerque na luta contra os holandeses. Quando podia, Martim ia ao local onde Iracema estava enterrada e se deixava consumir pela saudade.

O simbolismo da narrativa de Alencar é evidente: do cruzamento das duas raças - o europeu e o índio - nasce o brasileiro. Nesse sentido, a obra é uma expressão do Indianismo que caracterizou a primeira fase do 
Romantismo no Brasil. O país - cuja independência completava 43 anos à publicação de Iracema (1865) - precisava valorizar suas raízes e sua história, para afirmar-se como nação livre e soberana.

Fonte: http://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/iracema.htm

Dom Casmurro- Machado de Assis

"Dom Casmurro", que teve sua primeira edição lançada em 1900, pode ser compreendido como a autopsicanálise de Bento Santiago, que viveu uma história de amor com final trágico. Emotivamente, encontra-se mutilado, pois acredita ter sido traído pela esposa, Capitu, e pelo melhor amigo, Escobar.

Muitos anos após a morte dos dois, decidiu escrever um livro para se livrar dos fantasmas do passado, demonstrando definitivamente que não errou na atitude que tomou em relação à mulher e ao filho. A ação se passa aproximadamente entre 1857 e 1875, embora o livro tenha sido escrito na década de 1890.

Na infância e adolescência, Bento de Albuquerque Santiago morava na rua de Matacavalos (Rio de Janeiro), com sua mãe viúva, dona Glória, a prima Justina, o tio Cosme e o agregado José Dias. Na casa ao lado, vivia Capitolina (Capitu), filha de Pádua e Fortunata. Ao contrário da família de Bentinho, os pais de Capitu são pobres. Mesmo assim, as crianças conviveram como amigos.

À força no seminário
Quando Bentinho completou 15 anos, José Dias lembrou dona Glória da promessa por ela feita de enviar o filho para o seminário. Na verdade, procurava alertá-la para o perigo de envolvimento amoroso do menino com a vizinha. Mas Bentinho e Capitu já estavam apaixonados.

De qualquer modo, foram separados pelo seminário, Bentinho tornou-se amigo de Escobar, outro seminarista sem vocação. Posteriormente, com a ajuda do mesmo José Dias e de Escobar, Bentinho conseguiu fazer a mãe desistir da promessa de torná-lo padre. Foi para São Paulo e formou-se em direito. Depois, voltou para o Rio e casou-se com Capitu. Escobar, por sua vez, casou-se com uma amiga dela, Sancha.

De quem é esse filho?
Os dois casais eram felizes e se tornaram muito amigos. Contudo, Bentinho e Capitu sentiam-se contrariados por não terem filhos. Dois anos mais tarde, nasceu um menino, chamado de Ezequiel. O menino crescia e Bentinho, sempre inseguro e ciumento, via nele a cara de Escobar. A partir de então, a amizade de Escobar por Capitu passou a alimentar as dúvidas de Bentinho.

Escobar morreu afogado e as lágrimas de Capitu pelo morto deixaram Bentinho transtornado: pensou em suicidar-se, matar a esposa e, por fim, decidiu se separar dela. Mandou-a para a Suíça com o filho, onde ela morreria. Adulto, Ezequiel voltou ao Brasil, mas Bento não conseguia ver nele senão o retrato de Escobar.

Ajustando as contas com o passado
Formado em arqueologia, Ezequiel partiu para o Egito, morrendo em Jerusalém. Solitário e angustiado, Bentinho passou a viver para o passado. Procurava reinterpretá-lo, construindo no Engenho Novo uma casa idêntica à de Matacavalos. Em seguida pôs-se a escrever sua autobiografia, para convencer-se da traição da mulher e para provar ao mundo que não agira mal ao recusar Ezequiel.

Como bem ressalta o crítico literário Ivan Teixeira: "Até hoje, a maioria das pessoas só tem se preocupado em ressaltar a ambiguidade e dissimulação de Capitu, porque isso é o que Bentinho diz dela. Não se pode esquecer, porém, que 'Dom Casmurro' é um retrato de mulher feito pelo marido. Vem daí que aquela ambiguidade depende da maneira com que o marido a vê. E, além disso, sendo um retrato moral, jamais poderia ser preciso".

Causa e perspectiva
Qual seria a motivação desse retrato? Bentinho precisava dessa justificativa para si mesmo, por não dispor de nenhuma prova concreta contra Capitu, a não ser a suposta semelhança entre seu filho e Escobar. Suposta, pois se trata da versão que o próprio Bentinho dá aos fatos.

Todos os personagens só se tornam conhecidos do leitor pela sua perspectiva. Esse é o grande lance da obra: a escolha certa do foco narrativo. Mais uma vez citando Ivan Teixeira: "Ao inventar um narrador problemático, o romancista descobriu a chave para a densidade psicológica do romance e também para o seu efeito estético".

Fonte: http://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/dom-casmurro.htm

Auto da Barca do Inferno- Gil Vicente

"Dom Casmurro", que teve sua primeira edição lançada em 1900, pode ser compreendido como a autopsicanálise de Bento Santiago, que viveu uma história de amor com final trágico. Emotivamente, encontra-se mutilado, pois acredita ter sido traído pela esposa, Capitu, e pelo melhor amigo, Escobar.

Muitos anos após a morte dos dois, decidiu escrever um livro para se livrar dos fantasmas do passado, demonstrando definitivamente que não errou na atitude que tomou em relação à mulher e ao filho. A ação se passa aproximadamente entre 1857 e 1875, embora o livro tenha sido escrito na década de 1890.

Na infância e adolescência, Bento de Albuquerque Santiago morava na rua de Matacavalos (Rio de Janeiro), com sua mãe viúva, dona Glória, a prima Justina, o tio Cosme e o agregado José Dias. Na casa ao lado, vivia Capitolina (Capitu), filha de Pádua e Fortunata. Ao contrário da família de Bentinho, os pais de Capitu são pobres. Mesmo assim, as crianças conviveram como amigos.

À força no seminário
Quando Bentinho completou 15 anos, José Dias lembrou dona Glória da promessa por ela feita de enviar o filho para o seminário. Na verdade, procurava alertá-la para o perigo de envolvimento amoroso do menino com a vizinha. Mas Bentinho e Capitu já estavam apaixonados.

De qualquer modo, foram separados pelo seminário, Bentinho tornou-se amigo de Escobar, outro seminarista sem vocação. Posteriormente, com a ajuda do mesmo José Dias e de Escobar, Bentinho conseguiu fazer a mãe desistir da promessa de torná-lo padre. Foi para São Paulo e formou-se em direito. Depois, voltou para o Rio e casou-se com Capitu. Escobar, por sua vez, casou-se com uma amiga dela, Sancha.

De quem é esse filho?
Os dois casais eram felizes e se tornaram muito amigos. Contudo, Bentinho e Capitu sentiam-se contrariados por não terem filhos. Dois anos mais tarde, nasceu um menino, chamado de Ezequiel. O menino crescia e Bentinho, sempre inseguro e ciumento, via nele a cara de Escobar. A partir de então, a amizade de Escobar por Capitu passou a alimentar as dúvidas de Bentinho.

Escobar morreu afogado e as lágrimas de Capitu pelo morto deixaram Bentinho transtornado: pensou em suicidar-se, matar a esposa e, por fim, decidiu se separar dela. Mandou-a para a Suíça com o filho, onde ela morreria. Adulto, Ezequiel voltou ao Brasil, mas Bento não conseguia ver nele senão o retrato de Escobar.

Ajustando as contas com o passado
Formado em arqueologia, Ezequiel partiu para o Egito, morrendo em Jerusalém. Solitário e angustiado, Bentinho passou a viver para o passado. Procurava reinterpretá-lo, construindo no Engenho Novo uma casa idêntica à de Matacavalos. Em seguida pôs-se a escrever sua autobiografia, para convencer-se da traição da mulher e para provar ao mundo que não agira mal ao recusar Ezequiel.

Como bem ressalta o crítico literário Ivan Teixeira: "Até hoje, a maioria das pessoas só tem se preocupado em ressaltar a ambiguidade e dissimulação de Capitu, porque isso é o que Bentinho diz dela. Não se pode esquecer, porém, que 'Dom Casmurro' é um retrato de mulher feito pelo marido. Vem daí que aquela ambiguidade depende da maneira com que o marido a vê. E, além disso, sendo um retrato moral, jamais poderia ser preciso".

Causa e perspectiva
Qual seria a motivação desse retrato? Bentinho precisava dessa justificativa para si mesmo, por não dispor de nenhuma prova concreta contra Capitu, a não ser a suposta semelhança entre seu filho e Escobar. Suposta, pois se trata da versão que o próprio Bentinho dá aos fatos.

Todos os personagens só se tornam conhecidos do leitor pela sua perspectiva. Esse é o grande lance da obra: a escolha certa do foco narrativo. Mais uma vez citando Ivan Teixeira: "Ao inventar um narrador problemático, o romancista descobriu a chave para a densidade psicológica do romance e também para o seu efeito estético".


                           O Primo Basílio- Eça de Quirós


Este "episódio doméstico", conforme o clas­sificou Eça de Queirós, pretende mostrar a todos, de maneira exemplar, a tese da corrupção da família, vista como uma instituição burguesa, salientando-se a família da média burguesia lisboeta, que tem seus valores fundamentais atacados pelos escritores realistas.

Não vemos, contudo, consistência psicológica nas atitudes de Luísa, que é tomada pelo medo, e não pelo amor. Ela trai seu marido arrastada pelas circunstância, como se fosse um joguete nas mãos do destino, como se não tivesse domínio sobre si mesma. Machado de Assis chegou a recolocar, de forma irônica, a tese defendida por Eça em sua obra: diz que a boa escolha de criados é uma condição de paz no adultério.

Em princípio, Luísa, Basílio e Jorge são as peças do questionamento do casamento, que ocorre através do adultério, e constituem-se nos principais perso­nagens da história.

Analisando-os, começamos por encontrar uma Luísa frágil, incapaz de agir e refletir, o que é atribuído, no decorrer da obra, de forma absolu­tamente naturalista, à ociosidade da vida que leva e ao temperamento romântico que mantém, constan­te­mente alimentado pelas leituras de Walter Scott e de outros romances "água com açúcar", que lhe proporcionam devaneios, como no caso de "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas.

Assim, os sinais naturalistas já começam a se misturar aos realistas nesta obra. Notamos em Luísa, de um lado, a crítica realista à sentimentalidade romântica. Por outro, surge um certo esvaziamento psicológico, do qual brota um caráter que é colocado como móbil, inconsciente, cheio de deixar-se ir. Isso parece até um exagero das tendências naturalistas, que se mostram muito fortificadas nessa obra de Eça.

Basílio é mais um tipo do que, propriamente, uma pessoa, como ocorre com Luísa e a maioria dos personagens. Ele mostra a sua irresponsabilidade, o cinismo, a mania de grandeza, de ser superior a tudo e a todos, mantendo uma relação de uso com as mulheres e com o país. É um janota, um almofadinha, um homem classificado como maroto e sem paixão, que não apresenta justificação para sua tirania, já que o que deseja é apenas e tão-somente uma aventura, o amor de graça, como diz o escritor Teófilo Braga.

Jorge é marcado por uma personalidade pacata. É manso, dividindo-se entre seu papel de homem casado e o de engenheiro, diante da sociedade, e aquilo que sente de verdade, no fundo de si mesmo. Isso justifica sua truculência radical ao exprimir sua primeira opinião a respeito do adultério, sua aversão à vida desregrada que Leopoldina leva, sua cobrança, em relação à carta de Basílio, apesar de Luísa se encontrar extremamente adoentada. Por outro lado, ele muda de opinião e perdoa Luísa, devido ao desespero, pois não deseja vê-la partir desta vida.

Esses personagens típicos da média burguesia lisboeta somam-se a alguns personagens secun­dários. O Conselheiro Acácio caracteriza-se, de acordo com Eça, pelo formalismo oficial e representa o covencionalismo bem-sucedido, o vazio ou vacuidade premiada, na exata proporção em que carrega, além do título de Conselheiro, obtido por uma carta régia, também a nomeação de Cavaleiro da Ordem de São Tiago, justamente por todas as obras sem utilidade e supérfluas escritas por ele, como a "Des­crição das principais cidades do reino e seus estabelecimentos". Já Dona Felicidade é a imagem de beatice boba, com seu temperamento irritadiço. Ernestinho retrata o azedume do descontentamento; Julião Zuzarte, às vezes, é até um bom rapaz. Sebastião, contudo, é considerado dono da força de um ginasta e da resignação de um mártir.

Outra marca naturalista de "O Primo Basílio" é a presença das classes socialmente inferiores, com sua aversão devastadora aos mais abastados. Aparecem Paula, o patriota, que detesta padres e mulheres, a carvoeira que é imunda e disforme de obesidade e prenhez, as estanqueiras, que têm um carão viúvo, personagens que servem de exemplo da vizinhança que cerca Luísa e Basílio. Além desses, temos a figura de Tia Vitória, que é uma ex-incul­cadeira ou ex-alcoviteira, profissional na arte de orientar criados contra patrões. Empresta dinheiro aos que estão desempregados, guarda as economias daqueles que as têm, providencia que sejam escritas correspondências amorosas, para as domésticas que não estudaram, vende vestidos de segunda mão, aluga casacas, aconselha colocações, recebe confi­dências, dirige intrigas, entende de partos.

São estes, como frequentadores da residência de Luísa e Jorge, personagens secundários apresen­tados com traços de grande força naturalista. A expressão máxima deles, contudo, reside em Juliana, que mostra o caráter mais completo e verdadeiro do livro, o mais íntegro, inteiro, de acordo com a opinião de Machado de Assis. Da forma como se destaca no desen­vol­vimento do enredo, ela termina por ter que ser considerada um dos perso­nagens principais, embora tal análise fuja da postura realista - uma empregada doméstica ser considerada personagem de maior importância na história.

Sintetizando os traços mais marcantes de Juliana Couceiro Taveira, devemos começar pelo seu suplício de estar servindo há mais de vinte anos, sem que se acostume a fazê-lo; não nasceu para servir e, sim, para ser servida. Passa do azedume, do gênio embezerrado, para as desconfianças, a maldade, o ódio irracional e pueril pelas patroas para as quais trabalha, rogando-lhes pragas. Costuma cantar a "Carta da Adorada" e usar a expressão "récua de cabras", quando se entristecia.

Juliana é invejosa, curiosa, gulosa, e encontra, em casa de Jorge e Luísa, o grande segredo de que sempre precisou. Apossando-se dele, desforra na "piorrinha" - é assim que chama Luísa, ironicamente, toda a mágoa que acumulara no decorrer dos anos, inclusive a de ter conservado sua virgindade, a qual ela comparava com a "devassidão da bêbeda". A empregada tem um vício, que é o de trazer o pé sempre muito bonito, enfeitando-o com botinas e expondo-as no Passeio Público.

Essa personagem, enfim, é um claro exemplo da utilização do estilo naturalista bem-sucedido no livro, opondo-se à inconsistência de Luísa e de todos os outros personagens, que são excessi­vamente caricatos, modelares, exemplos sumários das teses da literatura do Naturalismo.

O foco narrativo aparece em terceira pessoa, e revela um narrador onisciente. Percebemos sua postura irônica, crítica, reforçando defeitos e vícios de certos personagens, o que não permite que seja imparcial.

O tempo é cronológico, com uma sequência praticamente linear. Surgem quebras, quando Luísa recorda o passado, passando pelo namoro com Basílio e o casamento com Jorge, ou quando o passado de Juliana é revelado pelo narrador aos leitores, a fim de que estes possam compreender melhor a revolta dela.

O espaço está concentrado em Lisboa. Os males que desagregam a sociedade são mostrados no romance. Surgem a decadência moral, a ociosidade, o relacionamento de superfície, o uso das aparências e das convenções, o tédio disfarçado pela aventura, os abusos da sexualidade, a hipocrisia, e assim por diante.

                     A Reliquia- Eça de Quirós


"A Relíquia", publicada em 1887, é um dos livros mais irreverentes de Eça de Queirós (1845-1900), o grande mestre da prosa realista-naturalista em Portugal e um dos maiores estilistas de nossa língua.
Sem nenhum favor, Eça é hoje reconhecido e apreciado, mesmo fora do âmbito de nossa literatura, como o principal responsável pela definição do moderno idioma português e como um dos grandes precursores do romance do século 20.

O realismo de Eça, porém, precisa ser bem caracterizado, pois é mais complexo do que sugerem as definições habituais desse estilo.
Eça sabe ver o mundo de modo rigoroso, com um olhar frio e de desencanto. Mas, a exemplo de seu mestre, Flaubert, também sabe usar e abusar do humor, da ironia e da fantasia, não como atitudes opostas à de um espírito objetivo, mas como outras formas de apreensão da realidade.
O realismo de Eça não exclui o quimérico e o sarcástico, como bem notou o escritor argentino Jorge Luis Borges, grande admirador de Eça e, ele mesmo, um dos principais autores do que, em nossos dias, se vulgarizou sob o rótulo de "realismo mágico".

Essa observação vale especialmente para "A Relíquia". O livro, por um lado, se inclui entre os grandes romances da segunda fase do escritor, a que vai de "O Crime do Padre Amaro" (1875) a "Os Maias" (1888).

Nesse período, Eça procurou fazer um "inquérito à vida portuguesa", uma séria crítica das instituições que julgava responsáveis pela decadência e estagnação de Portugal: a Monarquia, a Igreja e a Burguesia.

Por outro lado, "A Relíquia" pode ser considerada, junto à fábula "O Mandarim", a obra mais fantasista de Eça.

Sua leveza antecipa o abandono do esquema naturalista e a identifica com as obras da terceira e última fase do autor, a dos romances como "A Ilustre Casa de Ramires" e "A Cidade e as Serras", em que o realismo se une ao lirismo.

"A Relíquia" faz uma grande crítica e uma sátira hilariante do catolicismo em Portugal, por meio das memórias do narrador Teodorico Raposo, o "Raposão" (como as mulheres o chamam).

Raposo é um jovem bacharel que, órfão, vive sob as ordens de Maria do Patrocínio, sua tia terrível e avara, casta e beatíssima, que controla a fortuna que o sobrinho espera herdar, em breve, com a morte da "Titi".
Raposo, sabendo que "há razões de família como há razões de Estado", finge grande devoção e cumpre o desejo da tia carola, que, preocupada com a saúde incerta, o envia como seu representante na missão religiosa de percorrer a Terra Santa.

Na companhia de Topsius, um caricaturesco arqueólogo alemão que vem a conhecer, Raposo vive grandes peripécias no Egito e na Palestina.
A maior delas é uma enigmática viagem ao passado, à antiga Jerusalém, que ocupa o centro do livro. Nessa viagem-sonho, Raposo assiste aos bastidores do martírio de Cristo e descobre "a lenda inicial do cristianismo": a ressurreição não ocorreu.

O livro se encerra com outro desmascaramento, o do próprio Raposo pela "Titi". Enganando-se no momento de entregar à tia a preciosa relíquia que trouxera (a coroa de espinhos de Cristo, que forjara com Topsius), Raposo lhe entrega outra "relíquia", um embrulho com a camisola de Miss Mary, uma prostituta que conhecera em Alexandria.

Ao final do livro, Raposo conclui que perdera a herança da tia por não ter tido a coragem de afirmar: "Eis aí a relíquia! É a camisa de Maria Madalena!" (aludindo às iniciais "M.M." que, num bilhete, a acompanhavam).

Como é comum em Eça, há no romance cenas simbólicas, cuja função é a de explicitar as teses do autor. Eça não aceitava o cristianismo como afirmação do sobrenatural, isto é, "a ideia de um deus transcendente que criou o universo" (Antônio José Saraiva).

Em "A Relíquia", é o próprio Cristo quem afirma a Raposo, ao final do livro: "Eu não sou Jesus de Nazaré, nem outro Deus criado pelos homens (...). Sou anterior aos deuses transitórios: eles dentro em mim nascem, dentro em mim duram; dentro em mim se transformam (...). Chamo-me a Consciência".

A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Agua- Jorge Amado

As circunstâncias da morte do funcionário público Joaquim Soares da Cunha são cercadas de mistérios e de versões desencontradas. A família declara que ele morreu de forma decente, mas esconde alguns vexames dos últimos momentos de vida do finado. Já os amigos são capazes de jurar que a morte de Joaquim se deu mesmo no mar, como era seu desejo.
Durante quase toda a sua vida, Joaquim foi funcionário público exemplar, contando com o respeito dos colegas e da família. Aos cinquenta anos, porém, por motivo desconhecido, despediu-se da família com palavras ofensivas e passou a viver na rua. Foram dez anos se  entregando constantemente à bebida em companhia dos malandros e das prostitutas de Salvador, na Bahia. A esposa Otacília não resistiu ao drama familiar e morreu. A filha Vanda e seu marido, Leonardo, passaram a suportar a existência daquele parente incômodo.
Certa ocasião, o dono do botequim frequentado por ele, querendo pregar-lhe uma peça, ao invés da cachaça de sempre encheu um copo com água e ofereceu a ele. Joaquim entornou o líquido e, ao perceber a enganação, lançou o berro que fez surgir seu apelido: Quincas Berro d’Água.  
Joaquim morreu aos sessenta anos de idade. Ao saber, Vanda passou a tomar providências para o velório e o enterro do pai. A única coisa que ela não conseguiu arranjar ao seu modo foi o sorriso que o morto estampava no rosto, que nem sequer os funcionários da funerária conseguiram eliminar. 
O velório foi realizado no mesmo cômodo minúsculo que tinha servido de moradia a Quincas nos últimos anos. Desse modo, a família mantinha distância desse parente incômodo. Vanda permaneceu ao lado do corpo do pai durante boa parte da noite em que transcorreu o velório. O sorriso no rosto do morto parecia retomar as ofensas dirigidas à família quando de sua partida de casa.  
A notícia da morte de Quincas chegou aos ouvidos de seus companheiros de boêmia: Curió, Negro Pastinha, Cabo Martim e Pé-de-Vento. Sabedores do desejo do amigo de ter no mar seu último momento, dirigiram-se ao local do velório dispostos a fazer cumprir essa vontade. Cansados, os parentes acabaram por se recolher, deixando o defunto sob a guarda dos amigos.
A vigilância foi regada a muita cachaça. Em certa altura da noite, resolveram levar o amigo para um passeio. Retiraram o morto do caixão e se foram. Passaram pelos lugares frequentados por Quincas em vida e terminaram a noite no barco de Mestre Manuel. Decidiram então cumprir a vontade do morto, oferecendo-lhe uma festa em alto mar.
Repentinamente, despencou um terrível temporal. O mar revolto lançava a embarcação de um lado para o outro. Em um desses balanços, Quincas acabou caindo na água. Desse modo, teve sua segunda morte e o cumprimento de sua vontade. Segundo a lenda, antes de se lançar ao mar ele teria pronunciado os seguintes versos: “– Me enterro como entender / na hora que resolver. / Podem guardar seu caixão / pra melhor ocasião. /Não vou deixar me prender / em cova rasa no chão”.
CONTEXTO
Sobre o autor
Jorge Amado é o representante baiano do chamado neorrealismo nordestino, tendência dominante na literatura brasileira dos anos 1930. Além disso, alinha-se ao realismo socialista, vertente que registrava o real a partir de uma perspectiva ideologicamente comprometida com o marxismo. Em 1958, com a publicação de uma de suas obras mais famosas, Gabriela, cravo e canela, imprimiu um novo rumo à sua carreira, que passou a explorar mais fortemente a sensualidade e o humor. Desse filão faz parte a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água.

Importância do livro            
Por vezes, o esforço dos escritores da geração de 1930 em retratar a realidade de maneira crítica acabava por restringir o espaço da fantasia e da imaginação. Sem abrir mão da perspectiva sociológica, Jorge Amado reservou espaço para o absurdo em algumas de suas narrativas. É o que ocorre em A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água. Como um bom contador de histórias, o narrador desenvolve seu enredo surpreendente, preocupando-se menos em ser verdadeiro e mais em ser verossímil.

Contexto histórico

A década de 1950 é a época do desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek, período de particular efervescência cultural. O otimismo dominante na vida social e política brasileira, depois do término da ditadura Vargas em 1945, talvez tenha contribuído para a criação do clima fantástico e cômico da narrativa de A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água.

ANÁLISE
É possível inserir A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água na tradição da sátira menipéia, caracterizada pelo contato entre o mundo dos mortos e o dos vivos. De fato, essas duas dimensões dividem aqui o espaço por si só místico da cidade de Salvador. Tudo na narrativa é concebido sob o estigma do duplo, a começar pelo próprio protagonista, que merece duas formas de tratamento distintas: Joaquim Soares da Cunha, funcionário público exemplar e pai de família respeitável, entrega-se à vida boêmia e passa a ser chamado de Quincas Berro d’Água.  
Duas faces da sociedade estão representadas. De um lado, o universo da ordem estabelecida, com o devido enquadramento dos indivíduos em instituições sociais respeitáveis, como a família, o casamento e o trabalho. Esse universo mata Quincas duas vezes: a primeira, quando a filha Vanda cria para os filhos uma versão imaginosa, para explicar o afastamento familiar do pai boêmio; e a segunda, quando, na tentativa de dar solenidade ao seu velório, veste-o de forma condizente com a imagem respeitável que tentavam imprimir a ele. Com isso, mata-se o boêmio e tenta impor o universo da ordem. No entanto, a desordem levanta Quincas até do túmulo.
De outro lado, o universo da desordem, a que Quincas se entrega ao rejeitar a lógica perversa que o envolvia, segundo a qual o casamento, a família e o trabalho deveriam ser sustentados mesmo que conduzissem à infelicidade. Quincas recusa essa lógica até o fim e mesmo além do fim. O sorriso escancarado que exibe em seu caixão faz lembrar o preceito latino que diz ridendo castigat mores, isto é, rindo, ele faz a crítica das normas sociais. E ao fazê-la, mostra que, de certa forma, estas estão mais caquéticas do que ele. 
Quincas encontra cúmplices na representação do universo libertário: são seus amigos de boêmia, cujos nomes revelam a mesma duplicidade do protagonista. Com efeito, os apelidos Curió, Negro Pastinha, Cabo Martim e Pé-de-Vento escondem identidades sociais certamente tão convencionais quanto a de Joaquim Soares da Cunha. Quando trocam as roupas do morto, resgatam suas vestes de boêmio, devolvendo-lhe a identidade e, com ela, não a vida, mas a morte, a verdadeira morte de Quincas Berro d’Água.
A narrativa de Jorge Amado está incluída em um volume chamado Os velhos marinheiros. Nada mais apropriado: isto era justamente o que Quincas desejava ser. Se não o conseguiu em vida, afogado nas convenções, alcançou na morte, navegando livre pelo mar. 






Fonte: http://educacao.globo.com/
           http://vestibular.uol.com.br/

Por: Arlete Ataide

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